No pequeno vilarejo de Ribnovo, na cadeia das montanhas Rhodopes, na Bulgaria, vive uma comunidade muçulmana chamada Pomac. Búlgaros, adotaram um modo de vida herdado de tempos passados, mantendo tradições ancestrais. Os casamentos ocorrem no inverno, quando os homens voltam do exterior onde foram trabalhar durante o verão. A festa tem dois dias de duração. Um é organizado pela família do noivo, o outro pela família da noiva. Tudo começa com um banquete numa sala onde os convidados são recebidos pelo casal de noivos. A tradição quer que cada pessoa prende uma cédula nas roupas deles. Vem depois o momento das danças, na rua, onde se mesclam convidados e moradores da cidade pequena. Música tradicional tocada ao vivo, com tambores e trompete.
Aí, depois de dançar, os noivos se retiram, deixando as pessoas em farandolas animadas até o momento onde todo mundo vai até a casa da familía do noivo. Expostas na varanda da casa, as roupas que o futuro marido trás como dote são mostradas ao povo. E essas roupas vão atraversar a cidade em um cortégio colorido até a casa da família da noiva, na frente da qual se pode ver o dote que ela vai dar para o esposo : inúmeros tapetes, TV, geladeira, mesas, forno, cama, em fim, tudo que vai permitir de mobiliar a futura casa do casal.
Então os dois pais negociam simbolicamente os trajes femininos, o pai da menina dando uma nota de 5 ou 10 leva (15 a 30 reais) para cada conjunto de roupas.
Depois de um tempo de espera com música ao vivo novamente, aparece o casal. A jovem esposa mudo o vestuário e aparece com o rosto todo maquiado e enfeitado, de olhos fechados, segurando um espelho. Começa então a sessão fotográfica onde cada pessoa presente pode vir ser fotografada ao lado do casal.
Já anoiteceu faz tempo quando os noivos começam a perigosa peregrinação até o novo lar deles. Perigosa, pois, a noiva anda de saltos altos, olhos fechados, para que o seu olhar não cruza com o de outro homem, por ruas esburacadas, com pedras traidoras, somente guida pelo futuro marido e os familiares. Ela anda assim, segurando alto, orgulhosamente, um pequeno espelho circular cuja função é afastar os maus espíritos.
Finalmente a caravana chega até o novo lar. Os presentes ficam aí de fora, enquanto familiares e amigos próximos entram a trás do casal até o quarto nupcial.
Começa então uma nova sessão fotográfica onde cada convidado vem sentar ao lado do casal, na beira da cama. Por fim, vem o momento de limpar o rosto da noiva antes de eles dois se recolharem em outro ambiante, com os pais, para fechar um acordo, hoje simbólico, mas que no passado, devia garantir o futuro da mulher caso ela ficar só.
Quando regressam no quarto nupcial, estão de roupas trocadas. O imam da cidade procede então ao casamento religioso, discursando e orando, assinando, por fim, o ato de casamento de Redgep e Ramize.
